Todos os representantes da Defesa Portuguesa, presentes nos AEDDays, foram unânimes na necessidade de existirem “sinergias” entre setor civil e militar e empresas nacionais e estrangeiras, de forma a aumentar a competitividade do cluster e da economia portuguesa.
“A Força Aérea precisa de ser empoderada” – foi com esta afirmação que o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, General João Cartaxo Alves, começou a sua intervenção na 11ª edição dos AEDDays, na qual defendeu a necessidade de substituir os atuais F-16 por F-35.
Segundo explicou, em entrevista à margem da conferência, “este processo não é a substituição de um avião, mas de uma capacidade” e “isso vai obrigar a fazer um reshaping da nova operação da defesa aérea”. Para o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, “neste momento, a atualização dos sistemas operacionais, ao nível de software operacional e da conetividade, é crítica. Ou se tem e estamos em jogo. Ou não se tem e não se consegue garantir resiliência para conduzir operações”, tendo em conta “a fragilidade e a obsolescência da atual plataforma”.
Para que esta modernização aconteça, defende o General João Cartaxo Alves, “toda a indústria nacional – desde a parte da manufatura, da manutenção, da parte tecnológica e da conetividade – tem de estar presente”. Neste sentido, acredita que “a partilha de experiências, de conhecimento e a troca de informação entre empresas nacionais e estrangeiras” existentes nos AEDDays “permitem criar parcerias para solucionar questões que estão no mundo aeronáutico e nas empresas nacionais”.
O chefe do Estado-Maior do Exército, General Eduardo Mendes Ferrão, também destaca os AEDDays como “fundamentais” não só para o Exército conhecer o ecossistema nacional e internacional, como também para “criar sinergias entre os vários participantes”, no sentido de “ter melhores produtos para o Exército e acelerar significativamente a criação de novos produtos”.
Na opinião do General Eduardo Mendes Ferrão, estas sinergias podem “criar uma mais-valia para Portugal”, uma vez que “as nossas empresas nem sempre têm uma grande dimensão, mas têm uma capacidade de conhecimento, tecnologia, saber e empreendedorismo que nos deve permitir integrar grandes consórcios internacionais”. Exemplo disso – sublinha – é uma das últimas viaturas compradas pelo Exército que “incorpora cerca de 30% de tecnologia e componentes nacionais nomeadamente na área dos compósitos, em que somos inovadores e líderes a nível mundial”.
De 17 junho a 5 julho, o Exército vai realizar o exercício Artex (Army Technological Experimentation) 2024, que consiste na experimentação de soluções tecnológicas, com possível aplicação militar, que se encontrem em fase de desenvolvimento. Segundo o chefe do Estado-Maior do Exército, trata-se de uma oportunidade para a “capacidade de investigação, desenvolvimento e inovação própria do Exército interagir com a indústria e a academia”, sendo que “a grande mais-valia” é o facto de o Exército “proporcionar um ambiente o mais perto possível do operacional para que a indústria e a academia possam experimentar os seus sistemas”.
No entanto, muitas vezes, o Exército não consegue ficar com os produtos que desenvolve: “Muitas vezes, não conseguimos ficar com o produto que desenvolvemos e queremos. Por causa das regras da contratação pública, temos que ir para os concursos internacionais e outras empresas podem aparecer”.
Outro dos pontos salientados pelo General Eduardo Mendes Ferrão, numa entrevista durante dos AEDDays, foi a necessidade “da nossa indústria ser ajudada”: “Os nossos industriais, empreendedores, precisam de ser ajudados para saber – no âmbito da UE, da Agência Europeia de Defesa, da NATO – onde residem os fundos a que podem candidatar-se”.
Já o Vice-chefe do Estado-Maior da Armada chamou a atenção para a necessidade de “rever e atualizar a postura do nosso tecido empresarial”, deixando um repto aos empresários: “Estamos muito acostumados ao financiamento do Estado e aos subsídios e é preciso mudar isso. Os nossos empresários têm de estar dispostos a arriscar e a dar um salto em frente. Temos de ser proativos nesse sentido”.
No que diz respeito às possibilidades de financiamento através da Lei de Programação Militar (LPM), o Vice-Almirante António Henriques Gomes ressalva que “as regras da contratação pública são as regras que o Estado define” e, como tal, “não há nada a contestar”, no entanto, admite que existem “alguns passos burocráticos excessivos que podem ser melhorados e que podem potenciar um desenvolvimento mais célere dos projetos”.
Na sua intervenção nos AEDDays, o Vice-chefe do Estado-Maior da Armada destacou “a jornada de transformação” em que a Marinha se encontra, tendo em conta “o compromisso com a tecnologia” e alguns “projetos ambiciosos”, estando prevista, até 2030, “a modernização de cinco fragatas” e a “compra de 17 navios”. No entanto, numa entrevista à margem da conferência, explicou que “as necessidades das Forças Armadas são duas vezes mais o que a atual LPM consagra” e, por isso, só é possível “reservar 10%, 5% – se tanto – no todo das Forças Armadas, para inovação e desenvolvimento”.
Na opinião da secretária de Estado da Defesa, “a Lei de Programação Militar em vigor trouxe algumas oportunidades relevantes para a indústria de defesa”. Na sua intervenção nos AEDDays, Ana Isabel Xavier afirmou que o “foco na capacitação das Forças Armadas, o investimento em meios de duplo uso e na inovação, assim como o estímulo à competitividade da indústria nacional têm contribuído para este desígnio”. À margem da conferência, acrescentou ainda que “a LPM é uma ferramenta importantíssima para alavancar a indústria da Defesa”: “Ela já foi aprovada, está em execução, agora é implementá-la de forma a capitalizar todas as oportunidades que a LPM promove”.
A secretária de Estado da Defesa afirmou ainda que “o conjunto das indústrias de aeronáutica, espaço e defesa, constituído por 140 entidades, representa um cluster de importância estratégica para Portugal” com um “peso cada vez maior na economia nacional, especialmente nas exportações”.
Nesse sentido, defende que “a nossa indústria de Defesa – nas dimensões, terra, mar, ar, espaço, ciberespaço, até estratosfera – tem de se posicionar de forma competitiva. Ou seja, temos mesmo que alavancar a economia e defesa como sendo uma área prioritária para que também o nosso investimento e capacidade de exportação seja mais sólida e mais robusta”.
Para isso – defende Ana Isabel Xavier – são necessárias “sinergias” entre “os diferentes atores neste processo”, para as quais muito contribuem eventos como o AEDDays: “Eventos como este que reúnem parceiros nacionais e internacionais de grande nível, com uma projeção a nível de competitividade económica tão expressiva, são muito importantes para mostrar o ativo estratégico de Portugal, mas também para conhecer outros parceiros e, em conjunto, projetarmos a economia e defesa nacional”.
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