Balanço dos 20 anos de Portugal na ESA
Um olhar da AED para o percurso da indústria espacial portuguesa nas últimas duas décadas, enquanto membro da Agência Espacial Europeia.

A 14 de Novembro de 2000, Portugal juntou-se oficialmente à Agência Espacial Europeia (ESA). Quase um ano depois da assinatura entre o então Ministro da Ciência e Tecnologia português, José Mariano Gago, e o Diretor Geral da ESA à data, Antonio Rodotà, que admitiu Portugal como o 15º Estado-Membro da ESA.

Nestes 20 anos de participação portuguesa na ESA, muito mudou. O crescimento do setor espacial no mundo e o impacto da sua tecnologia está à vista (e ao uso) de todos. Mas qual o contributo português para esta evolução? Como se desenvolveu a nossa indústria durante estas duas décadas e qual a importância de estarmos inseridos nesta comunidade europeia?

Os representantes do setor espacial do Conselho de Administração da AED Cluster Portugal fazem um balanço destas duas décadas…

 

1. Volvidos 20 anos, onde e como se enquadrava Portugal na cena internacional do espaço? E nos dias de hoje, onde e como estamos?

Há 20 anos, Portugal tinha a experiência de participação no processo de desenvolvimento, fabrico de componentes e exploração de dados do satélite POSAT1. Mas estávamos arredados das cadeias de fornecimento da indústria Espacial. Não existia a formação de Engenheiros Aeroespaciais em Portugal e as ligações da Academia e das Empresas com este setor eram marginais.

Hoje, formamos Engenheiros Aeroespaciais, temos um programa de estágios na ESA e na NASA e cerca de 60 entidades, entre empresas, entidades do sistema científico e tecnológico e a academia. Muitas destas entidades têm uma sólida participação nas cadeias de fornecimento dos grandes integradores de sistemas Europeus, em vários projetos bandeira da ESA e já começam a integrar cadeias de fornecimento mundiais.

Hoje, temos também um nível de ambição que inclui um papel de destaque na criação de uma entidade multilateral focada no estudo e monitorização de todo o oceano Atlântico, com utilização intensiva da infraestrutura de satélites, assim como de criar um Porto Espacial nos Açores, que beneficiará de uma localização ímpar, na Europa. Os Açores são um ponto nevrálgico para o Espaço, de onde há muitos anos se dá suporte a lançamentos do Ariane a partir de Kourou e à operação de satélites de variadas missões espaciais. Com o crescimento da infraestrutura e recursos em Santa Maria, Portugal tem sido capaz de obter contratos não só com os grandes clientes institucionais (ESA, EUMETSAT, GSA/EUSPA), mas também com atores “New Space”, que atuam no mercado global.

 

2. Quais foram os maiores marcos alcançados por Portugal nestas duas décadas? Ser membro da ESA contribui para esses marcos como?

Nestas últimas duas décadas a esmagadora maioria da atividade espacial em Portugal foi feita através da ESA e, por isso, todos os grandes marcos tecnológicos e programáticos estão ligados a esta participação. Participámos em várias missões científicas, no desenvolvimento de veículos orbitais, nas cadeias de construção de satélites, temos uma presença permanente no Porto Espacial Europeu e prestamos serviços de Observação da Terra.

Recentemente, a área do Espaço em Portugal foi impulsionada pela criação de uma estratégia nacional, uma agência espacial (Portugal Space), uma lei de espaço e a criação de um centro de investigação para o Atlântico (AIR Centre). Este contexto permitiu o lançamento de um concurso para o estabelecimento de um porto espacial em Santa Maria, lançado pelo governo regional dos Açores, e a implementação de vetores estratégicos da Portugal Space que incluem, por exemplo, a criação de uma constelação para o Atlântico.

 

3. Qual a importância da ESA para a evolução da indústria espacial europeia?

A ESA tem um papel fundamental na gestão de um esforço industrial europeu conjunto no desenvolvimento de tecnologia de acesso ao espaço, observação da terra, geoposicionamento e missões científicas, muitas delas focadas na exploração de outros planetas. Para este efeito a ESA tem uma abordagem muito própria:

  • aposta numa clara liderança industrial inclusive em áreas de inovação, fomentando assim a colaboração com centros de investigação e desenvolvimento para trazer a ciência/ tecnologia para o mercado espacial;
  • rege-se por regras de georetorno: fomentando o envolvimento de todos os Estados Membros, e sobretudo a colaboração de vários atores para o mesmo objetivo. Esta política promove a colaboração entre empresas e a academia dos diferentes países membros, e também o conhecimento e experiencia adquiridos são endogeneizados nos diferentes países membros;
  • aplica a regra de um país um voto: dando voz também aos países com menos investimento na área do Espaço.

Resumindo, a ESA não só garante aos europeus o acesso independente ao Espaço, como é uma entidade chave na promoção da competitividade e equilíbrio de forças do sector na Europa e da sua evolução. Políticas como as “Best Practices” são fundamentais para o futuro do sector.

Além disso, a ESA é o instrumento que permite à Europa ter um programa de exploração espacial, também em cooperação com outros países e agências espaciais.

 

4. Quais os objetivos da participação portuguesa na ESA para os próximos 20 anos?

A ESA continuará a ter um papel muito importante na estruturação e desenvolvimento da indústria espacial portuguesa durante a próxima década, nomeadamente de:

– Consolidação do trabalho feito até agora e alavancagem neste e noutros sectores;

– Progressão na cadeia de valor (subsistemas e além);

– Reforço de parcerias internacionais na perspetiva do fornecimento de produtos, serviços e aplicações de forma cada vez mais competitiva.

A Estratégia Nacional para o setor (PT Space Strategy 2020-2030), consolidada em 2019, refere que a ESA terá um papel charneira para conseguir, nos próximos 10 anos, a multiplicação por 10 do investimento no setor, com um forte componente de investimento provado, criar cerca de 1000 novos postos de trabalho altamente qualificados, o desenvolvimento do setor industrial pelo crescimento da comunidade em número e em dimensão, assim como atrair para Portugal empresas líderes europeias.

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