Desviar um asteroide da rota de colisão com a Terra pode parecer uma missão digna de um filme de super-heróis. A verdade é que esta não é uma história fictícia e conta com três empresas portuguesas enquanto reais atores.
GMV e Efacec, empresas membros da AED Cluster Portugal, e também a Synopsis Planet são as entidades nacionais que marcam presença na missão espacial Hera, cujos custos totais rondam os 129,4 milhões de euros. Deste montante, cabe a Portugal (e às empresas mencionadas) um envelope financeiro no valor de 2,9 milhões de euros.
Em comunicado, a Portugal Space anuncia que a Agência Espacial Europeia (ESA) e a alemã OHB oficializaram o contrato que prevê “o desenvolvimento do projeto, fabrico e testes da missão Hera, que irá lançar, em 2024, uma sonda com destino a um sistema binário de asteroides” e que “esta sonda será a contribuição europeia para o projeto internacional que pretende desviar um asteroide da rota de colisão com a Terra e realizar o estudo de um sistema de asteroides duplo”.
O lançamento da sonda Hera está previsto para 2024, cumprindo a segunda fase de uma missão partilhada com a NASA. Nesta iniciativa pioneira para a ESA, as três empresas portuguesas têm contribuições muito importantes:
- A Efacec, segundo explica Vasco Granadeiro, responsável pelo setor aeroespacial da empresa, ficará encarregue de desenvolver um altímetro LIDAR (LIght Detection And Ranging) que consiste “num equipamento baseado em tecnologia laser capaz de medir distâncias até 20 quilómetros com uma precisão de 10 centímetros”.
Este aparelho, que tem a colaboração da Synopsis Planet, será importante para conseguir estudar o asteróide que se pretende desviar da Terra e os efeitos da colisão entre este e uma nave enviada pela NASA com o propósito de fazer um teste de redirecionamento. - Para a GMV Portugal, o desafio é histórico: criar o primeiro piloto automático para contornar asteroides. Pela primeira vez, será utilizado um mecanismo automático para guiar uma sonda em torno destes corpos celestes que, pela sua distância, velociadade e natureza irregular, tornam as operações de aproximação e navegação uma tarefa de uma exigência e complexidade raras.
João Branco e Teresa Ferreira, responsáveis pelo segmento do Espaço na empresa, explicam que o “sistema de controlo de manobras orbitais a bordo, incluindo a definição de estratégias de navegação híbrida entre o Segmento de Terra e o sistema de Controlo Automático GNC da nave” estarão a seu cargo e que esta é “uma oportunidade para progredir na cadeia de valor de um sistema complexo no âmbito de uma missão muito ambiciosa”.