Olhar para o protótipo do FlyPt é como abrir uma janela para o futuro. Num mesmo veículo junta-se mobilidade terrestre e aérea, numa lógica modular e sustentável. Um drone para andar no ar e um automóvel para deslocações em terra. Pelo meio uma cabine de passageiros, acoplável quer ao drone, quer ao carro.
Sob a alçada da AED, este projeto mobilizador junta empresas, universidades e institutos de investigação, num total de vinte entidades envolvidas, sob o lema “Mobilizar a indústria aeronáutica nacional para a disrupção no transporte aéreo urbano do futuro”, é o lema do projeto. Garantido para já é que “ninguém lhe fica indiferente”, nota Inês Folhadela Furtado, responsável pela área de Advanced Air Mobility, no Ceiia, um dos parceiros do projeto. Durante os AED Days a engenheira esteve responsável por explicar os princípios e o funcionamento do FlyPt aos participantes na conferência, tendo como auxílio visual o modelo em escala de 1:4, em exposição. “Há um forte interesse e um grande investimento nesta área. Portanto as pessoas não ficam indiferentes, quer ao protótipo, quer à ideia”, complementa. “Os comentários têm sido muito positivos!”
Nesta estratégia modular há quatro modos possíveis: o drone, que funciona autonomamente (para se dirigir à estação de carregamento, por exemplo); o skate, ou base para as deslocações no solo, também autónomo; o skate com a cabine acoplada, usada para mobilidade horizontal; o drone com a cabine acoplada, para mobilidade vertical. “O FlyPt nasceu da vontade coletiva de um conjunto de empresas que pretendem desenvolver capacidades e competências para o futuro da mobilidade horizontal e vertical e também com a integração das duas”, diz José Rui Marcelino, CEO da AlmaDesign, que integra o consórcio.
Provocar a discussão pública
Pensado para o ambiente urbano, o desenvolvimento do veículo exigiu também o aperfeiçoamento de tecnologia relacionada com a eletrificação da componente aérea, bem como do sistema autónomo, naquela que é uma solução, no seu todos, completamente inovadora. “Há duas coisas que já estamos a alcançar com este projeto”, avança José Rui Marcelino: “todos os envolvidos – sistema científico, universidades e empresas – estão a adquirir competências numa área em que a nível mundial se verifica um grande ‘hype’, enquanto se desenvolvem várias inovações.” Isto quer ao nível do interior do veículo, da autonomia do drone, do skate e também no que se refere à integração de todos os sistemas e da sua articulação com a sociedade.
A cargo da Tekever, a empresa responsável pelo projeto, está a parte do desenvolvimento do veículo aéreo ou drone, no que Rui Santos, gestor de projeto para a área de satélites e sistemas aéreos não tripulados, classifica como um “desafio ambicioso”, em particular na componente da eletrificação e da autonomia. “O nosso objetivo principal, neste caso, é desenvolver e testar capacidades”, avança Rui Santos.
Para já, esta é ainda uma prova de conceito e não corresponderá ao produto final. Mas representa a visão e cria as bases da tecnologia e do conhecimento que permitirão no futuro obter produtos reais. “A Tekever, o Ceiia, a AlmaDesing…todos nós estamos envolvidos noutros projetos para onde transportamos o conhecimento adquirido com o FlyPT”, diz José Rui Marcelino. Uma forma de abrir caminho e provocar a discussão pública em áreas como o transporte de carga, os vertiportos, para descolagem verticais, para referir apenas os casos em que as implicações são mais diretas. O facto de o projeto envolver ensaios e testes aos equipamentos acaba por forçar o aparecimento de legislação, por exemplo. “Portugal tem de ter uma pegada nesta área”, afirma José Rui Marcelino.
E para isso, as sementes têm de ser lançadas. Como sublinha Tiago Jesus, também da Tekever, neste tipo de projetos tudo o que se desenvolve, quer a nível técnico, quer de integração, quer de leis ou de infraestruturas representa apenas uma parte do impacto. Além dos resultados imediatos, há que ter em conta “todas as necessidades que são levantadas com o trabalho que é feito e que servem para identificar as necessidades futuras. E isto não só para a parte técnica.”
O projeto FlyPt foi financiado pelo Portugal 2020 e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, num total investido de pouco mais de oito milhões de euros, ao longo de três anos. Terminado no final de junho e face aos resultados do projeto, José Rui Marcelino adianta que é tempo de discutir o que será feito a seguir, não só a nível de um maior TRL como relativamente à integração com a restante operação e infraestrutura.
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