Qual o envolvimento da Thales Edisoft com a AED?
A Thales que está há 35 anos em Portugal, através da Edisoft, que hoje é Thales Edisoft Portugal, tem uma posição bastante central no desenvolvimento do setor aeroespacial e da defesa português. E com base nisso sempre estivemos muito envolvidos na criação de um ecossistema nacional de empresas que vieram tanto das áreas do espaço, aeronáutica, como defesa. E através da AED conseguiu-se, há cinco anos, quando a AED foi formada pela fusão das três associações, criar um cluster forte que dá visibilidade ao setor e ao crescimento que tem vindo a atravessar nos últimos anos. Portanto, o apoio que damos à AED tem sido sempre fundamental e estratégico.
Um setor que, é notório, tem vindo a evoluir consistentemente. Ainda há margem para crescer?
Sim! Há muita margem para crescer. Nos últimos anos, em particular nos últimos três, tem-se assistido a uma entrada em Portugal com mais vigor, de mais empresas de outras origens. Alguns grandes players, como é o caso da Airbus, o que dá a Portugal a oportunidade de criar escala e de atuar em mais frentes, dentro deste segmento. Nós trabalhamos muito com grande parte destes grandes players, noutros países. O facto de estarem em Portugal permite-nos trabalhar agora em Portugal. O que claramente dá outra escala.
Uma questão que tem sido apontada como crítica é a dos recursos humanos, a capacidade das empresas de atrair talento. Como têm vivido esta questão na Thales?
Os recursos humanos são uma preocupação central. Entendemos que acima de tudo é preciso valorizar as capacidades humanas que Portugal tem. Não só na vertente técnica, mas também na de soft skills. Julgo que houve uma evolução bastante grande nas capacidades das pessoas que trabalham neste setor, pela própria experiência de projetos internacionais e de maior abertura a diferentes geografias e mercados. Obviamente que precisamos de formar mais pessoas, mais gente em engenharia em Portugal. Claramente é uma área com futuro. Também é importante que esta formação seja sólida, continue a ser. Nós temos vindo a crescer. Em toda a Thales temos 700 pessoas, em Portugal. Portanto, é algo que é para nós muito importante, o desenvolvimento das capacidades e das várias valências. Também temos pessoas com mais experiência, o que nos permite desenvolver projetos com mais complexidade do que anteriormente. Obviamente que há dificuldade na contratação, mas isto acontece em toda a Europa. Mas por outro lado também há mais experiência.
O que faz a diferença na hora da contratação?
Na minha visão, de português, acredito que Portugal tem uma vantagem natural em termos europeus, a qualidade de vida que se consegue ter em média é superior à de outros países, pela componente fora trabalho. É uma vantagem de retenção. Além disso, este é um setor que paga muito acima da média de outros setores da economia. Portanto, é um setor que interessa claramente manter e aumentar. Daí que me parece que nesta área, Portugal é hoje um país bastante competitivo. Sendo que o calcanhar de Aquiles do país é atualmente a elevada carga fiscal.
Um dos projetos apresentados pela Thales nos AED Days é o de um projeto de vigilância marítima em contexto bélico. Já estava a ser desenvolvido antes da guerra. Foi impulsionado pelo contexto atual?
A Thales é a empresa número um na Europa no fornecimento de eletrónica para a defesa. Há muitos anos que desenvolvemos sistemas e trabalhamos com as principais marinhas mundiais e somos líderes no setor. O que temos feito é crescer. Há muita procura para os nossos sistemas e Portugal foi escolhido como o centro de engenharia para o desenvolvimento destes tipos de sistemas. Já tínhamos um centro de engenharia para a área de Air Traffic Management e agora mais recentemente, face ao aumento da procura, em virtude da situação de conflito que se vive na Europa, Portugal foi escolhido para aumentar as capacidades do Grupo Thales no domínio dos sistemas de defesa marítimo. Este conflito veio demonstrar que a Europa estava distraída relativamente ao setor da defesa. Particularmente, tínhamos as forças armadas europeias com material bastante antigo e a ficar relativamente com forças débeis face a potenciais ameaças.
Com material obsoleto…
Obsoleto em alguns casos, em quantidade reduzida noutros. E de repente a Europa acordou e percebeu que, primeiro tem de ter uma defesa comum, tem de ter uma capacidade que se complemente entre os diversos países, e tem de ter equipamentos. Sem equipamentos state of the art é muito difícil, para nós europeus, garantirmos que vamos conseguir continuar a viver de acordo com os nossos conceitos de liberdades e garantias e que defendemos para a nossa sociedade. Porque outras sociedades, que talvez não tenham a mesma visão que nós, têm vindo a evoluir e a ganhar capacidades, como aliás se vê, e podem querer impor-nos as suas vontades. E nós temos que acima de tudo ter capacidade de fazer prevalecer as nossas vontades. Isso é uma coisa que a Europa tem de conseguir assegurar dentro de casa. E Portugal pode ter um papel bastante relevante neste aspeto porque temos recursos humanos bastante qualificados e temos empresas que começam a demonstrar já uma experiência relevante para trabalhar em sistemas críticos.
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