A tecnologia da impressão 3D tem avançado a olhos vistos e já impacta, em larga escala, várias indústrias. A aeronáutica e o espaço não fogem à regra, sendo que em Portugal há ainda algum caminho a percorrer.
A AED Cluster Portugal, em colaboração com um dos seus associados especialistas neste tema – a CODI -, apresenta um pequeno resumo do que é esta tecnologia, o potencial e importância do seu uso, bem como o estado de arte em Portugal e posicionamento no contexto internacional do setor aeroespacial.
A impressão 3D é um processo de fabrico aditivo por camadas sucessivas de material, há quem diga, já com algumas centenas ou milhares de anos. Contudo, foi nos anos 80 do século passado, com o aparecimento dos computadores, que surgiram os sistemas de CAD 3D despoletando a investigação e desenvolvimento em equipamentos de impressão 3D, rapidamente adoptados por várias indústrias tecnológicas e centros de investigação e desenvolvimento.
Foi já nesta última década que se deu a democratização deste novo processo produtivo com a libertação de várias patentes, tal como o FDM – Fused Deposition Modeling, tornando possível a produção de impressoras 3D mais acessíveis, e levando assim a impressão 3D para um nível também mais particular e académico.
Hoje já é possível pensar em produção de pequena e média escala com a ajuda da impressão 3D. Empresas como a Airbus ou a Boeing já estão a testar e a certificar alguns destes processos.
A impressão 3D tem-nos permitido desenhar e desenvolver novos produtos de uma forma mais rápida e mais acessível, reduzindo o ciclo de desenvolvimento ao mesmo tempo que nos permite testar mais iterações, alcançando um melhor produto num espaço de tempo mais curto.
No fundo, esta tecnologia reduz não só a matéria-prima necessária como o tempo de produção, levando a um consumo energético mais reduzido, tornando o processo de fabrico mais sustentável.
No sector da aeronáutica civil, a impressão 3D tem vido a possibilitar o desenvolvimento de componentes cada vez mais leves e sem pôr em risco a segurança das aeronaves, antes pelo contrário. Desde peças de motor e estrutura em metal, a peças de cabine em plástico, hoje já temos mais de 6000 peças produzidas em processo aditivo no Airbus A350, por exemplo.
No futuro, a impressão 3D será certamente muito importante para desenvolver aeronaves de mobilidade urbana.
Também no setor espacial, este processo ganha cada vez mais relevância. A NASA quer construir uma base lunar, que nos permita assentar na Lua, até 2030. A impressão 3D será uma ferramenta fulcral no processo até lá, pois traz-nos a capacidade de transformar a poeira lunar num material muito semelhante ao betão.
Como se pôde notar na comunicação social, a impressão 3D teve um papel crucial na ajuda ao combate desta pandemia por todo o mundo, o que tornou mais visível o seu potencial. Portugal não se ficou atrás, graças ao esforço conjunto de alguns centros académicos e empresas, mas olhando para o contexto geral, estamos algo adormecidos no que toca ao investimento nestas novas tecnologias, nomeadamente quando comparados com os países de leste, por exemplo. Muito provavelmente, isto deve-se também ao facto de Portugal ter uma indústria bastante enfraquecida por excesso de aposta no sector de serviços, nas últimas décadas.
A impressão 3D pode realmente ajudar Portugal a posicionar-se de forma mais firme no mercado mundial e há que estimular a adoção destas novas tecnologias, que nos ajudarão a desenvolver e produzir novos produtos mais rapidamente e de forma mais acessível, contribuindo para sermos mais competitivos no mercado externo. Isto porque, com estes novos processos tecnológicos, não precisaremos de montar grandes fábricas com grandes máquinas, o que torna muito mais fácil e rápida a inicialização do processo de industrialização. Mas atenção, o mesmo se aplica aos nossos concorrentes, pelo que é importante uma aposta célere e eficiente.
É também crucial olhar para a formação nestas novas tecnologias, desde o ensino básico ao universitário, pois a forma de desenhar e produzir vai mudar completamente nos próximos anos. Temos que estar preparados para dar reposta ao novo mercado de trabalho e conseguir ter uma indústria nacional capaz e competitiva.
Nos últimos 5 anos, a velocidade de produção destas tecnologias multiplicou por 5x, nos próximos 5 vai multiplicar por 10x, o que significa que em 10 anos, aumentamos 50 vezes a capacidade produtiva. Isto vai trazer-nos grandes desafios nas próximas décadas, não só de competitividade, mas também ao nível social, pois vai mudar completamente as cadeias de valor tais como as conhecemos hoje, muitas delas vão desaparecer.
É importante que não deixemos passar esta oportunidade de apanhar o comboio da impressão 3D, pois a adoção destes processos pela indústria aeronáutica vai obrigar a uma grande reengenharia de processos produtivos e de design, o que nos permitirá reposicionar nos mercados ao lado dos atuais grandes players.
O jornal ECO Online fez também um trabalho com o Cluster acerca da impressão 3D e o seu uso no setor aeroespacial, que pode ser consultado aqui.
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