“A indústria está a avançar mais rápido do que o esperado”
O presidente da AED, José Neves, assegura que o setor tem vindo a gerar cada vez mais interesse. Exemplo disso, é a adesão cada vez maior aos AEDDays. 665 participantes, 210 entidades, 22 países representados e mais de 300 reuniões B2B marcadas, os números da 11ª edição dos AEDDays superam os da edição anterior e não deixam margem para dúvidas de que foi um sucesso.
O setor aeronáutico, o setor do espaço e o da defesa estão em crescimento nas suas várias dimensões. E isso é demonstrado, não só pelo impacto na economia, mas também pelo interesse crescente das empresas, organizações e pessoas, em geral, no trabalho desenvolvido por este cluster.
“As emissões zero e a inovação sustentável não são ignoradas pela aviação. No ano passado, lançámos as Sustainable Aviation Talks e tivemos 65 pessoas presentes. Este ano, já temos 190 pessoas registadas para o dia de amanhã”, afirmou José Neves, presidente da AED, na abertura da 11ª edição dos AEDDays. “A indústria está a avançar mais rápido do que o esperado”, assegura o presidente da AED, salientando temas incontornáveis como os combustíveis sustentáveis, a utilização de hidrogénio ou os aviões elétricos. Além disso – sublinha – algumas companhias aéreas estão “a enfrentar grandes crises financeiras”, o que, apesar de ser “uma preocupação” também pode ser uma oportunidade para “Portugal ter um papel significativo neste mercado”.
Stephan Baur, partner da Roland Berger, também chamou a atenção para o contexto de “policrise” que tem afetado o setor da aviação, sublinhando que agora tem de se focar em “acelerar a recuperação económica e a competitividade” em simultâneo com a “sustentabilidade”. Por um lado, através, por exemplo, da “otimização do portfolio de produtos” e, por outro, pensando como “as operações podem ser mais sustentáveis” o que, na sua opinião, “passa pela nova geração de aviões comerciais”. Quanto a Portugal, defendeu que o país tem sido reconhecido como um “país capaz de produzir produtos de qualidade a preços acessíveis” e, por isso, as empresas portuguesas precisam de “perceber como otimizar a produção” de forma a manter este reconhecimento. Para além do “investimento em novos materiais e tecnologias”, Stephan Baur defende que a comunicação é fundamental para “atrair investimento”, assim como “fornecedores” com a mesma capacidade.
Também José Neves defendeu, ainda na abertura dos AEDDays, que a comunicação é “um super poder que, muitas vezes, é esquecido” e que deve ser usado para “reforçar a indústria da Defesa” a nível nacional e europeu. Na opinião do presidente da AED, é também necessária “mais coragem política para tomar decisões”, o que, admite, “nem sempre é fácil porque a opinião pública nem sempre está aberta a isso”.
No que diz respeito à Câmara Municipal de Oeiras, a abertura para apostar neste setor é grande. Pelo menos foi essa a garantia dada por Pedro Patacho, vereador da autarquia: “Portugal tem 300 concelhos. Oeiras é um dos mais pequenos com 45 quilómetros quadrados. Ao mesmo tempo, é o que mais contribui para o PIB português, logo a seguir a Lisboa. Temos cerca de 560 empresas por metro quadrado e queremos ter mais. Temos espaço para recebê-las”. Nesse sentido, assegura Pedro Patacho, “o concelho de Oeiras já tem empresas do setor aeronáutico e do espaço” e “planeia expandir a sua capacidade” de forma a “criar um hub para o setor aeronáutico e do espaço”: “Tem sido também em Oeiras que se têm realizado os AEDDays e temos muito orgulho nisso”, frisou.
“Grandes empresas” demonstram interesse em Portugal
A necessidade de uma maior – e melhor – comunicação entre todos, a realização de sinergias e uma maior aposta no setor da defesa, enquanto área determinante para alavancar a economia portuguesa e europeia foram temas transversais às várias intervenções ao longo dos AEDDays.
Algumas das empresas presentes aproveitaram mesmo a oportunidade para demonstrar que estavam disponíveis para realizar parcerias e continuar a dinamizar o setor em Portugal. Foi o caso da empresa de aeronáutica Aernnova. Segundo Goretti Sampayo Fernandez, Chief Procurement Officer da Aernnova, quando a empresa comprou a fábrica de Évora à Embraer tinha “cerca de 500 colaboradores, neste momento tem 849”. Durante o painel “Solving Aerospace & Defence Supply Chain Challenges”, onde também participaram representantes do Canada Economic Development, da Leonardo e da Canadian Commercial Corporation, Goretti Sampayo Fernandez garantiu que a empresa está “realmente interessada em ter contactos com a indústria local”.
O mesmo repto foi deixado por Eduardo Munhos de Campos, responsável de New Business Solutions da Leonardo, empresa italiana na área da aeronáutica, segurança e defesa que fornece produtos e serviços a Portugal há mais de 25 anos: “Estamos abertos – e faz parte do nosso ADN – trabalhar em parceria”.
As intenções deixadas pelas empresas, durante os AEDDays, não passaram despercebidas ao presidente da AICEP, Filipe Santos Costa, que começou o seu discurso no networking dinner a congratular-se com as possibilidades de negócio para Portugal: “Estou satisfeito por verificar que temos cada vez mais parceiros disponíveis para realizar parcerias”. Além de destacar as “vantagens competitivas” de Portugal, Filipe Santos Costa lembrou que “uma das prioridades da AICEP é negociar com os investidores e assegurar que as empresas têm aquilo de que necessitam”: “Estamos sempre disponíveis para atrair mais investimento”, frisou.
Numa entrevista à margem, o presidente da AED destacou a presença de “grandes empresas como a Leonardo, um dos maiores fabricantes no espaço europeu; a Lockheed Martin – o maior fabricante aeronáutico na área da Defesa; a Airbus que está em Portugal com duas posições – uma fábrica em Santo Tirso e um centro de desenvolvimento em Lisboa – e, no geral, já tem cerca de 1500 funcionários em Portugal”, entre outras.
Além disso, José Neves sublinhou o “sucesso da participação das forças armadas portuguesas” e o “apadrinhamento institucional” do Governo, representado pela secretária de Estado da Defesa. Na opinião do presidente da AED, um dos pontos mais importantes deste evento foi o facto de “todos referirem a grande satisfação de ter aqui estado com um objetivo comum: o trabalho em conjunto”. Exemplo disso, foi também a enorme adesão às reuniões B2B: “Além de termos uma sala cheia de “decision makers” e especialistas, temos muitas pessoas a falar entre si. Reduzimos, inclusivamente, a duração da conferência para que pudessem fazer mais e melhor networking e ainda assim, estão a pedir-nos para ficar mais tempo”.
No primeiro dia dos AEDDays, houve também um espaço dedicado à exposição de tecnologia, o Technology Showroom, onde estiveram representadas empresas e organismos como a Leonardo, Meditor DAS, INESCTEC, TBW Aero, Lusospace, CCG, GMV, Glenair, Speedbird, Aeronext Portugal e New Space Portugal. Nos vários expositores, os participantes puderam conhecer as inovações tecnológicas comercializadas por estas empresas e experimentar algumas delas, através da utilização de simuladores.
Nesta edição dos AEDDays, houve ainda, pela primeira vez, dois itinerários para realizar as usuais visitas industriais. No primeiro, foi possível visitar a TAP, principal companhia aérea portuguesa; a Lauak, a AICEP Global Parques e ainda o CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento, onde os participantes puderam ficar a conhecer melhor o projeto LUS222, que pretende vir a ser o primeiro avião desenhado e construído em Portugal. O segundo trajeto passou pelo Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ), pelo IST – NanosatLab e pela Almadesign, empresa de design industrial para o setor da aeronáutica e transportes.
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