“Um pequeno satélite para o Homem, um grande estudo para a Humanidade”. Este não é o mote do projeto uPGRADE, mas poderia muito bem ser. Liderado pela Spin.Works, empresa portuguesa membro do Cluster AED, este projeto irá criar um nano-satélite, com cerca de 8 quilos, que será o primeiro no mundo a estudar as alterações gravitacionais e densidade termosférica da Terra e o seu impacto, por exemplo, no degelo.
Este projeto resulta de um investimento de cerca de 2.6 milhões de euros e conta com a contribuição da Universidade do Texas, do Laboratório Ibérico de Nanotecnologia (INL), da Universidade do Minho e do Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ), também membro do Cluster AED.
O projeto arrancou ontem e tem definido no seu cronograma o lançamento do nano-satélite para 2023, sendo que há dois objetivos principais para o instrumento:
- determinar como é que grandes massas de gelo estão a derreter, nomeadamente, na Gronelândia e na Antártida;
- monitorizar de forma recorrente a circulação de água sob o estado líquido à escala regional e nos aquíferos (reservatórios subterrâneos de água).
Estes são importantes focos de estudo para que seja possível uma melhor análise a problemas ambientais e socioeconómicos prementes como as alterações climáticas ou as cheias.
Em comunicado à agência Lusa, Tiago Hormigo (Founder e Head of Space Business Development da Spin.Works) destacou o lado inovador deste projeto, que utiliza um conjunto de “novas tecnologias” para próximas missões de observação da Terra e do espaço profundo e que poderá estar na vanguarda de um futuro grupo de nano-satélites:
“Este é o primeiro protótipo daquilo que poderá vir a ser uma constelação, sendo que o segundo satélite custará no máximo um quinto do primeiro e os satélites restantes poderão chegar a valores quase na ordem de um décimo do custo. Com isto, consegue-se construir uma constelação que poderá ser na ordem das 15 ou 20 unidades a um preço que pode não exceder muito os 10 milhões de euros”.